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19 de Abril de 2024

Estaria o Google enganando você ou seu cliente?

Como se defender das "fazendas de cliques"

há 6 anos

  O Google é uma potência. Tem de tudo: e-mail, agenda, contatos, mapas, vistas da rua, do céu, da lua... Tem até buscador!! E é justamente nesse último, o buscador, que o Google retira sua grande receita.

  Funciona assim: você digita uma palavra, digamos "nome no serasa". Pronto! A página vai te dar uma sequencia de links para você consultar, mas essas palavras são "palavras chave" para anunciantes. Dai o anunciante interessado dá um "lance" por cada clique dado no anúncio. Digamos que seja R$ 3,00 por cada clique nessas palavras usadas como pesquisa. Então, basicamente, funciona dessa forma: a pessoa digita "nome no serasa", o google mostra vários resultados e no inicio aparece os anunciantes. Se você clicar num anunciante será debitado da conta do anunciante R$ 3,00. É assim que o Google fez e faz sua fortuna.

  Isso é ilegal? De jeito nenhum! Mas fui visitar um amigo, que não via há tempos e ele está desempregado. Mas ganha a vida fazendo bicos de funilaria e parte do tempo ele fica na internet, "ganhando dinheiro", como ele me disse. Achei que fosse compra e venda, mas não é nada disso, ele ganha dinheiro, entre outras coisas com preenchimento de formulários que dão bônus em dinheiro, mercado forex onde colocou R$ 10,00 e faz R$ 300,00 por mês, e também na "fazenda". Perguntei o que era e ele abriu a tela no computador.

  A "Fazenda" era basicamente era uma página com vários anúncios do Google. A orientação que ele tinha era de clicar em 3 anúncios em no máximo 30 minutos, mais que isso e seria punido: um dia sem acessar a "fazenda". Se ele cumprisse a tarefa corretamente ganharia R$ 0,03 centavos por clique. Dez centavos cada meia hora, vinte centavos por hora, dois reais em dez horas, sessenta reais por mês. Obviamente ele usava apenas 3 horas ao dia para "complementar renda". Os anúncios estavam em inglês. Mas o formato, fontes e cores eram os do Google.

  Era uma tela simples, mas para entrar precisava de login e senha. Em outras palavras "alguém" tinha criado uma página apenas para clicar nos anúncios e arrecadar dinheiro. Como esse alguém ganharia dinheiro? Pra quem não sabe o Google mantem um serviço chamado Adsense, que premia as páginas que divulgam os seu cliques. Digamos que da palavra inglesa "car" o google cobre R$ 3,00 por clique. Se esse clique veio de uma "página associada" do programa Adsense, cada clique rende ao dono da página ou blog um determinado valor, digamos R$ 0,10. Mas o Google ainda está no lucro pois cobrou R$ 3,00 de um clique que veio de uma página associada e pagou apenas R$ 0,10 centavos por ele. Ainda manteve R$ 2,90 em caixa !!!

  Tá complicado? Direito é um troço complicado mesmo e é aqui que entra o imbróglio judicial.

  Sabemos que o Google cobra por anúncio. Sabemos que paga (muito menos é verdade) para divulgação das suas pesquisas em páginas alheias (sites ou blogs). Em tese, o que impediria alguém de fazer uma página com único objetivo de arrecadar dinheiro? Como a pessoa faria isso? Bom, ela precisaria de várias pessoas clicando nos anúncios ao mesmo tempo. Precisaria de uma página só pra isso. Precisaria burlar as regras do Google (dai a regrinha de máximo de 3 cliques por 30 minutos). É difícil fazer isso? De jeito nenhum. Basta alguma organização e conhecimento de programação de páginas e voilá! Problema resolvido.

  Então tem gente clicando em anúncios gringos (em inglês) e ganhando algum dinheiro e dai? Bom, se no Brasil, tem gente gastando o dinheiro do anunciante americano, pode ser (e tenho indícios disso) que algum estrangeiro esteja clicando em anúncios brasileiros. Todo e-comerciante (e fui um deles por muuito tempo) sabe que tem que monitorar o resultado dos seus anúncios. Pois na época lidava com vendas de ferragens e ferramentas e um mesmo anúncio monitorado por mim aumentava ano a ano seu "índice de rejeição". Vamos de novo: o que é o tal "índice de rejeição"? Cada clique é monitorado: que horas, a data, por quanto tempo, etc.. Se um clique demora apenas alguns segundos e o potencial interessado sai da página sem nem mesmo começar a ler (clique que dura menos de 3 a 5 segundos) é considerado uma "rejeição". Ou seja, a pessoa clicou mas nem leu o conteúdo do seu site.

  Pois esse mesmo anúncio nessa mesma página tinha um índice de rejeição em 2011 de 58%. Em outras palavras, mais da metade das pessoas que clicavam no anúncio, saiam sem ler. Em 2015 esse índice saltou para 85% !!!

  De cada 100 pessoas que clicavam no meu anuncio na época apenas 15 pessoas realmente navegavam na página. As outras 85 pessoas entravam e saiam. Dai, quando vi a "fazenda de cliques" na casa do amigo desempregado me ocorreu que quase todo aquele dinheiro que gastei em publicidade poderia ter ido parar no lixo.

  Ao longo do tempo, a minha página também foi vendendo cada vez menos, porque tinha menos visitantes. Uma dúvida ficava na minha cabeça: "Porque raios alguém clicaria em um anúncio para NÃO vê-lo??". Na época fiz essa pergunta a um gentil atendente do Google. A resposta, evasiva, era de que as pessoas não tinham paciência de aguardar carregar a página principal etc. Contra-argumentei que minha página carregava em menos de 1 seg. que o provedor era bom etc.,etc.. Ele se rendeu: "Não sei dizer, Sr.".

  Deixei pra lá. Abandonei a publicidade paga.

  Porém, hoje, as coisas parecem mais claras. Se tem gente clicando em anúncios gringos aqui, existe uma possibilidade de estarem clicando em anúncios brasileiros no exterior, somente para ganhar dinheiro. E onde entra o Direito nesse caso?

  Ora, o Código de Defesa do Consumidor é bem claro que para o dinheiro pago deve haver um produto ou serviço em contraprestação. Você paga por aquilo que leva. Como o Google fica no Vale do Silício, eles provavelmente não conhecem o que significa RESPONSABILIDADE OBJETIVA, ou nem mesmo iriam relatar que 85% daquilo que é gasto NÃO resulta em contra-prestação do serviço.

  Pra quem está sempre buscando oportunidades na advocacia, está ai uma que não se deve ignorar: Porque o Google te fornece a porcentagem dos anúncios que resultam inúteis? Parece claro (ao menos pra mim): pra gente pedir ressarcimento desse valor gasto e não utilizado!!! "Ahhh, mas tem um contrato de adesão". Uhum. Mas o contrato é contra o que diz a lei? Então dá pra contestar a validade de tal contrato.

  Se ficou longo ou confuso mande e-mail para o endereço eletrônico que está no rodapé dessa página que explico melhor. Mas o artigo está bem explicadinho.

  Gostou? Dê o seu Recomende lá em cima.

 Paciência e Força Sempre!


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